O que a terra proíbe, o céu agradece: a comunidade baloeira e a fuga.

Sou Baloeiro Sou Arte Proibida

Ok, eu suponho que você saiba o que é um balão. O que talvez você não saiba - na verdade eu espero que você saiba, afinal, é uma informação meio básica - é que existem muitos tipos de balão…

Balão de festa, balão com gás dentro, balão zepelim, balão em formato de bicho são alguns que eu consigo lembrar de cabeça. Mas existe um balão, um balão ESPECIFICO, que é proibido por lei: o balão não tripulado. Na verdade, eu gostaria de ser mais especifica e discordar dessa definição que a lei dá. O balão é tripulado. TRIPULADO PELO VENTO E PELO FOGO.

Caso você ainda não saiba de qual maravilha nascida da interação entre o homem e Gaia eu estou falando, segue em anexo uma imagem:

Essa imagem serve de esclarecimento visual para três características incríveis da comunidade baloeira:

> sim, isso são várias pessoas reunidas no meio do mato para cometer um crime ambiental em nome da resenha.

> sim, os balões são gigantes. e quanto maiores forem, mais respeitados na comunidade.

> sim, no balão estão estampados JO SOARES, HITLER E MICHAEL JACKSON.

Aqui, assim como em outros fenômenos notadamente terceiromundistas como a torcida organizada, prevalece a falta de sentido e o caos, a pura, inócua e ingênua vontade de misturar diversão, arte e por que não… crime.

Mas por que? Qual a origem disso? Fique tranquilo, eu pesquisei para que você não tenha que se dar o trabalho.

Os baloeiros são grupoS (sim, no plural) de pessoas - em sua maioria homens - que se reúnem com a simples finalidade de soltar balão. Mas “soltar balão”, apesar de parecer simples, envolve diversas fases antes e depois da soltura do balão. Notadamente, todo grupo de baloeiros segue mais ou menos as mesmas três fases:

> Confecção do balão

> Soltura do balão

> O RESGATE DO BALÃO

Mas qual a razão? Segundo a - eu nunca imaginei escrever essa frase na vida - SOCIEDADE AMIGA DO BALÃO (SAB)

[...] eles se consideram pessoas idôneas que querem manter uma tradição, e que não possuem vínculos com o perfil de um criminoso típico que são considerados como indivíduos perigosos ou insensíveis. Para eles o balão é uma prática cultural, uma forma de entretenimento que se baseia em valores sociais, tais como: trabalho, confraternização e solidariedade.

Ou seja, o balão é comumente defendido enquanto prática cultural. O que, para ser honesta, eu não discordo. Entretanto eu acho que por trás do “trabalho, confraternização e solidariedade” existe o tesão absurdo que existe na adrenalina de cometer um pequeno delito. Isso não é um julgamento moral, pelo contrário.

A questão é que não é difícil entender a razão pela qual um sujeito que durante a semana tem uma família, amigos, amores e trabalho, decide durante o fim de semana romper com qualquer pacto social, se juntar com um grupo gigantesco de pessoas com a finalidade de soltar um balão de 18 metros, beber e confraternizar. O que talvez, para alguns fracos de espírito, seja difícil entender, é porque esse mesmo sujeito sobe em cima de uma caminhonete e corre atrás desse mesmo balão de arma na mão pronto para trocar tiro até mesmo com a Policia Federal caso o balão dele caia em algum lugar… inusitado, como a PISTA DE POUSO DO GALEÃO.

Não, nunca foi sobre dinheiro, nunca foi sobre festa, sempre foi sobre a necessidade de transgredir. O baloeiro é o caos puro. O balão é sua linha de fuga.